Acho que já falei aqui que este blog é herança do Meninas da Moda. Ele surgiu em 2008, último ano do Meninas, como complemento ao site. Supostamente era para todas escreverem mas como no fim das contas eu estava sozinha, carregando site e tudo mais nas costas, só eu postava. Quando o site saiu do ar, percebi que o blog já tinha uma boa audiência e eu adorava postar nele, por isso não fazia sentido extingui-lo.
Só que aí o Modalogia apareceu em janeiro de 2009 e não tinha porque eu continuar escrevendo no "blog Meninas da Moda". Por um tempo ele só serviu para chamadas pro Modalogia, até que eu descobri que podia trocar o nome (podia ter descoberto antes, não?). Desde o fim de 2009 ele passou a chamar "Modalogista" e virou um espaço para eu escrever sobre o que tô a fim, sem muitas regras, sem muito compromisso. Mesmo assim a intenção era postar pelo menos 1 vez por dia.
Quando fiquei noiva e vi como todo mundo adora uma dica de casamento, comecei a postar sobre o universo, com achados, inspirações etc.
Estava indo num ritmo legal até que maio desestruturou tudo, mas para o bem. A Modalogia ganhou stand no Fashion Business e em 1 semana tivemos que organizar decoração, equipe e cobertura. Foram 4 dias trabalhando de 10h às 22h, sem parar. Logo depois veio o Fashion Rio e o São Paulo Fashion Week e ainda conquistamos novos clientes para a venda de conteúdo, ou seja, eu tenho pelo menos 1 texto para escrever por dia para Afhgan, Opção e XSite.
Até aí tudo bem. Só que a Modalogia não é só um site e a gente não escreve só para os blogs de algumas marcas cariocas. Como empresa, temos reuniões semanais com a nossa gestora, temos que criar projetos e planejar nossos próximos passos, elaborar relatórios de tendências, ir em reuniões com clientes potenciais, preciso fazer os pagamentos do mês e ficar em contato com o contador...E ainda ler todos os emails que recebo, encaminhar o que vai ser colocado no Modalogia para a Helena, ficar informada sobre tudo que acontece no mundo da moda, postar no Visões e, ultimamente, tentar escrever no Direções. Ufa!
Por que estou escrevendo tudo isso? Porque estou exausta. Porque todos os dias eu acordo já sabendo que não dou conta de tudo, que trabalhar, trabalhar e trabalhar sem ganhar dinheiro, só projetando e prospectando é uma droga, mas ao mesmo tempo tenho total consciência que nunca seria feliz sendo empregada e trabalhando na nossa burra indústria da moda, então tenho que aguentar fazer continha todo mês e saber que nunca sobre dinheiro. No mundo da moda todo mundo vive de vento mesmo, né?
Preciso muito de férias. Férias para não fazer absolutamente nada. Férias para ficar longe do computador e não precisar checar Twitter e Facebook, não receber um monte de lixo inútil por email. Será mesmo necessário saber de tanta informação que não leva a nada? Preciso saber qual era o look de Lady Gaga quando ela mostrou o dedo para os pararazzi na rua? E que Gisele Bündchen mostra a incrível forma apenas 6 meses depois de ter dado a luz? Que Lindsay Lohan quase foi presa? Que pela 15a vez alguma grife de moda teve o estilista trocado?
É claro que eu amo a internet, estou na redes sociais e meu trabalho depende muito disso. Mas estou tão cansada de tanta informação que começo a ficar com raiva. Quando comecei a estudar e pesquisar moda, lá nos 90, eu realmente estudava. A Vogue americana me instruiu em vários assuntos, eu lia vários livros, eu realmente me alimentava de conteúdo útil e relevante, o que contribuiu enormemente para eu ser a profissional que sou hoje.
Só que agora as revistas se acumulam na minha bancada e eu já nem sei mais se leio por obrigação ou por prazer. Comprei o livro da Prada em Paris e mal tive tempo de folhear (quem me conhece sabe como eu amo e admiro a marca...). Descobri outros livros na minha prateleira que nunca li... Fui me oferecer para escrever um texto sobre luxo no Brasil para o
The Business of Fashion e agora estou me odiando porque tenho que editá-lo e estou sem a menor paciência para isso.
Enfim, tudo é no automático, tudo é para ontem, tudo é raso, é passageiro, é efêmero e parece que não vai para lugar nenhum. Só de pensar em planejar o casamento, nessas alturas, já me deixa mais cansada. E quando acho algo legal para postar aqui tem tanta coisa mais urgente para fazer que o dia passa e nada de eu atualizar o blog...
Quando a Phoebe Philo voltou para a Céline no ano passado e começou a dar uma série de entrevistas sobre o período sabático que ela tirou depois da Chloé, juro que fique com inveja quando ela disse que por 3 anos ficou totalmente por fora da indústria, só cuidando dos filhos. Ela não lia revistas de moda, não estava nem aí para quem estava ou não bombando e provavelmente só comprava o que fosse absolutamente necessário. "Nossa, que sonho!", pensei. E olha que nem quero ter filhos. Nossa, que pensamento é esse que estou tendo?
Pensamento de quem está exausta, de quem anda questionando se todo esse ritmo é válido. Se há conteúdo de valor em pelo menos 10% do que eu leio e que eu realmente queria voltar a ter tempo para acumular conteúdo de qualidade e que contribuísse para me tornar melhor profissional e não só alguém que passa o dia tentando terminar tarefas para ter umas horinhas relax vendo TV à noite sem acordar angustiada no dia seguinte.
Pensamento de quem precisa muito de férias.